quarta-feira, maio 18, 2005

O Gato Preto...



Era uma vez uma família que adorava gatos. Eles tinham gatos de todas as cores, branco, caramelo, marrom, malhado, só existia uma cor de gato que eles não tinham, a cor preta. Um dia, o pequeno George, encontrou um gatinho abandonado na rua. Na hora ele se apaixonou pelo gatinho, mas tinha um pequeno problema: o gato era preto. Mas mesmo temendo os berros de sua mãe, levou o pequeno gatinho para casa. Chegando lá, tratou de correr para esconder o pobre gato, mas não teve jeito, dona Neuza, ao ouvir os passos de George veio ao seu encontro. E ao ver o gato preto nas mãos de seu amado filho, lançou um grito, e disse:
— George! Trate de levar esse gato imundo daqui! O pobre menino ficou com os olhos cheios de lágrimas. Não entendia porque sua mãe detestava gatos pretos. Está certo que todo mundo diz que gatos pretos trazem azar. Mas para ele era pura sorte ter encontrado aquele gatinho. Mas não adiantava, dona Neuza estava decidida a jogar o gato na rua. George resolveu apelar para o pai.
— Papai! Disse o garoto
— Achei um gatinho na rua, ele é filhotinho. Posso ficar com ele?
— Claro meu filho! Respondeu seu Antônio se mesmo olhar o gato.
Dona Neuza, que ouvia tudo aquilo, dirigiu-se ao marido com as maças do rosto vermelhas de raiva e disse:
— Antônio! Você ao menos viu o gato? Perguntou ela com a voz alterada.
— Não querida! Mas tenho certeza de que é um gato muito bonito. Disse ele.
— Mas é um gato preto! Resmungou ela.
— Querida, sinceramente não entendo porque você não gosta de gatos pretos?
Dona Neuza deixou a sala batendo os pés no assoalho de madeira, que foi impossível de algum vizinho não ter ouvido.
George ficou sem entender o porquê de tudo aquilo. Como a mãe podia odiar tanto um gato que acabara de chegar em casa? Seria só por causa de sua cor? Mas George acabou ficando com o gato.
Levantava cedo todos os dias para dar comida, água e levar o gato para o quintal. Dona Neuza nem olhava para o pobre coitado, era como se o gatinho preto fosse da mesma cor que seu querido gato malhado.
Com o passar do tempo, o gato foi se mostrando muito comportado. Não roia as coisas, nem arranhava a mobília como os outros gatos faziam. Mas dona Neuza continuava a detesta-lo. Até que um belo dia, após o Sr Antônio e George saírem de casa, dona Neuza foi tirar um cochilo. Mas dona Neuza havia esquecido o ferro de passar ligado sobre a tábua. Todos os gatos estavam brincando com as bolinhas de meia que dona Neuza havia feito para poder separá-las. Então, o querido gato malhado deu um salto tão grande que bateu na tábua de passar, que balançou e derrubou o ferro sobre o carpete, enquanto dona Neuza dormia.
O gato preto vendo que estava subindo uma fumaça estranha do chão, e que todos os gatos estavam com medo daquela luz alaranjada que vinha do fogo que começava a se alastrar, tratou de pular sobre a dona Neuza para tentar acordá-la. Ele miou, arranhou, se esfregou em dona Neuza, mas nada de ela acordar. Então o gato chegou bem perto do ouvido de dona Neuza e deu um miado muito alto, mas tão alto que até ele próprio se assustou. Dona Neuza olhou para o gato, mas antes que ela pudesse dizer alguma o gato correu e saiu pela janela.
Então, ela sentiu um cheiro muito forte que vinha da salinha onde ela havia deixado o ferro de passar. Levantou correndo tropeçou no chinelo e quase caiu. Levantou, arrumou a saia e correu para ver o que estava acontecendo. Ao chegar próximo a porta da salinha, viu a claridade que vinha do fogo, e sentiu-se tonta por causa da fumaça que subia. Voltou para pegar o telefone para ligar para os bombeiros, mas na mesma hora a campainha tocou. Ela abriu a porta com o telefone na mão, e para sua surpresa eram os bombeiros.
— Como que vocês souberam que eu precisa de ajuda? Perguntou ela com cara de tacho.
— Nós estávamos apenas passando pela vizinhança, quando um gato preto maluco se jogou na frente do carro, e quase que não conseguimos parar, então ele saiu correndo e nós resolvemos seguí-lo, e foi aí então que avistamos uma fumaça escura saindo da sua janela, e achamos que a senhora fosse precisar de ajuda. Dona Neuza não conseguia acreditar naquela história, então, o pobre gatinho preto entrou pela porta e veio direto ao seu encontro.
Na mesma hora dona Neuza sentiu um enorme carinho pelo gato, afinal foi ele que salvou a sua vida, sem aquele gato preto imundo talvez ela não estivesse mais nesse mundo. Depois do acontecido, ela passou a ter mais carinho pelo gato, já não o enxotava mais, ao contrário, ela o chamava para se aconchegar em suas pernas enquanto ela tricotava. Mas quem ficou mais contente com todo o acontecido foi George, que pode ficar com seu gatinho, e pode provar para sua mãe que gatos pretos não trazem azar, e hoje em dia eles têm vários gatinhos pretos em seu quintal.
Agora você me pergunta como eu sei de tudo isso?
Simples! Eles são meus vizinhos, e hoje mesmo estive lá tomando um café com bolo enquanto dona Neuza tricotava e o velho gatinho preto se aconchegava em suas pernas.

Um comentário:

Allan C. disse...

Oi. Geralmente ocorre isso.. as coisas boas são desprezadas, odiadas, deixadas de lado, e assim as pessoas escolhem ficar com aquilo que é ruim, apenas para ter o que reclamar, e de tanto reclamarem ficam cegas que não consigam perceber que o bom está ali do lado, apenas precisando de atenção..