segunda-feira, outubro 17, 2011

"Que te dizer? Que te amo, que te esperarei um dia na rodoviária, num aeroporto, que te acredito, que consegues mexer dentro - dentro de mim? É tão pouco. Não te preocupa. O que acontece é sempre natural - se a gente tiver que se encontrar, aqui ou na China, a gente se encontra. Penso em você principalmente como minha possibilidade de paz - a unica que pintou até agora, 'nesta minha vida de retinas fatigadas'; E te espero. E te curto todos os dias. E te gosto. Muito."

[Caio Fernando de Abreu]

quarta-feira, agosto 10, 2011


Houve um tempo, onde o céu era mais azul, as cores mais vibrantes e as flores mais perfumadas. Foi nesse tempo em que ela nasceu. Apressada, com ansia de conhecer o mundo. Pequena de olhos e cabelos escuros; e pele clara como a de seu pai. Sua mãe morrera ao dar-lhe à luz e a menina foi criada por seu carinhoso e zeloso pai.

Sempre curiosa sobre a mãe, a menina, enchia o pai com perguntas, e este sempre respondia com a voz cheia de amor e saudade. Ele costumava dizer que a menina havia herdado o amor pelo próximo e o brilho nos olhos da mãe; e a calma e teimosia dele.

Ela sentia muita falta daquela mãe com quem nem chegou a conviver mas, de quem lembrava muito bem do cheiro e toque. Nos dias onde a saudade mais apertava, a menina se sentava em uma pedra de frente ao mar verdinho e assistia ao por do sol. Depois, entrava no mar e brincava nas águas claras e frias. Sempre aos olhos atentos do pai que não entendia o comportamento da filha.

Certo dia, não conseguindo conter a curiosidade e, após um dos muitos episódios da filha, o pai a questionou sobre tal fato.

— Assim eu posso senti-la. Posso ver o brilho de seus olhos quando o sol vai dormir. Posso sentir o seu perfume quando o vento sopra em minha direção e, o mais importante, posso sentir o seu toque quando entro no mar. É aqui onde me sinto perto dela. Perto da mamãe.

Comovido com as palavras da filha, aquele pais que antes só observada a menina brincar no mar, agora passou a acompanhá-la, e, durante muito tempo, repetiram tal ato.

A menina cresceu, seguiu seu rumo, constituiu família. Aquele pai agora era avô. Um avô tão zeloso quanto fora como pai.

Pai e filha assistiram ao sol se por muitas vezes juntos. Assistiram quantas vezes a vida lhes permitiu. Sempre lembrando daquela mãe que tanta falta lhes fazia.

Em seu tempo o pai se foi. Vivera uma vida plena ao lado de sua filha e ,agora, havia chegado a hora de ir ao encontro de sua amada. A menina não chorou de tristeza, chorou de alegria, pois sabia que seu pai estava feliz, estava novamente com o amor de sua vida.

Muitos anos mais tarde, após ela também ter se tornado avo, a filha sentia sua hora se aproximar. Em uma noite de lua cheia, sonhou que esta na beira do mar. Ela não tinha mais as marcas do tempo em seu rosto, agora, era criança novamente. Aquela criança de longos cabelos castanhos e tez rosada que abraçava o mar.

Enquanto corria pela praia, a menina viu ao longe o pai, na mesma posição de sempre e, a sua frente, chamando seu nome e de braços abertos, a menina viu uma mulher. Uma mulher de voz conhecida. A menina sentiu o coração bater mais rápido. Ela então, olhou para o pai, que sorria. Com o olhar eles se entenderam. O pai consentiu com a cabeça

A menina correu na direção da mulher e, enquanto corria, pensava no quanto ela era bela. Elas se abraçaram. Um longo e delicioso abraço. A mãe então disse com a voz suave:

— Estávamos à sua espera, meu bebê. Venha, vamos para casa!

E sorrindo, a menina deu a mão aos pais e, juntos, eles foram para casa.
[09/08/2011]

sexta-feira, maio 27, 2011


"Tô me afastando de tudo que me atrasa, me engana, me segura e me retém.
Tô me aproximando de tudo que me faz completo, me faz feliz e que me quer bem.
Tô aproveitando tudo de bom que essa nossa vida tem.
Tô me dedicando de verdade pra agradar um outro alguém.
Tô trazendo pra perto de mim quem eu gosto e quem gosta de mim também.
Ultimamente eu só tô querendo ver o "bom" que todo mundo tem.
Relaxa, respira, se irritar é bom pra quem?
Supera, suporta, entenda: isento de problemas eu não conheço ninguém.
Queira viver, viver melhor, viver sorrindo e até os cem.
Tô feliz, to despreocupado, com a vida eu tô de bem."

[Caio Fernando Abreu]

terça-feira, março 08, 2011

Carta à uma irmã...

Querida,

Ter-te em minha vida foi uma escolha, arrisco até a dizer que uma das mais certas que já fiz.

Quero que saibas que estarei sempre ao teu lado, que meu amor será o mais sincero e puro. Inclusive nos dias mais difíceis, prometo estar ao teu lado, não para te aliviar a dor mas, para te dar meu ombro, meu colo se for preciso.

Sei que nem sempre sou fácil. Que as vezes você tem vontade de sumir da minha vida. Mas, eu simplesmente não sei lidar com essa distância. Não sei lidar com o ciúme, e nem com as coisas que acontecem em nossas vidas. Sei também que preciso crescer que preciso mudar minhas atitudes e preciso aprender a falar o que me incomoda. Não é uma tarefa fácil, muito pelo contrário, tem sido muito difícil. E sei que te ter ao meu lado me ajuda a crescer.

Quero que entendas que muitas das minhas atitudes, muitas das minhas lágrimas são apenas desabafo. São palavras que eu prefiro liquefazer ao invés de ecoar.

Desculpe se as vezes te incomodo. Se te deixo com raiva ou desapontada, não é a minha intenção. Meu amor é tão grande, quero apenas te proteger. Quero fazer parte de sua vida e quero que faça parte da minha. Que participe dos momentos importantes ao meu lado. Por isso insisto para que vá. Sei que é errado. Que você tem sua vida, seus outros amigos, que precisa de liberdade para estar feliz. Eu tento não depender tanto, tento seguir sozinha, mas nem sempre consigo.

Obrigada por estar ao meu lado, por todas as vezes em que pegou minha mão e me ajudou a dar os primeiros passos pela estrada nova. Por todas as vezes que me ouviu mesmo sem vontade, pela paciência com as manhas, pelo tempo gasto comigo.

Obrigada por ser minha irmã, e eu espero, que pra vida toda.

domingo, janeiro 23, 2011




Fazer novos amigos é como juntar novas peças ao nosso quebra cabeças. O quebra cabeças da nossa vida. São essas pessoas novas que dão sentido à coisas antes sem pé nem cabeça.

Como e possível conhecer tão bem pessoas que nem sequer havíamos visto antes? Como podemos amá-las desse modo tão único?

Conheci cinco amigas que moram distantes. Mas, parece que estamos juntas todos os dias. Parecia que estávamos num “lico” ao vivo. Conversando, rindo, compartilhando sorrisos, abraços, sentimentos... Apertos para saber se eram de carne e osso. E o mais mágico: FOI TUDO REAL! Cada abraço, cada cafuné, carinho, cada gargalhada gostosa, tudo aconteceu e estará pra sempre registrado na memória.

Fui adotada, sob a luz do luar num momento montinho coletivo no meio do Parque do Ibirapuera. Agora tenho mãe, vó e “vô de tetas”. E claro, além de amigas maravilhosas que vou carregar comigo sempre. Aonde quer que eu vá levo vocês no olhar, e no coração.

Meu coração tá apertadinho. Infelizmente elas têm que partir. Impossível não deixar que lágrimas escorram pela face enquanto escrevo tais palavras. Elas nem se foram de fato e já estou com saudades. Já as quero aqui de volta. Quero mais feriados durante o ano, um aumento de salário e mais shows para podermos ficar juntas e vibrar juntas nossas alegrias.

Meninas, muito obrigada pela alegria que compartilhamos. AMEI ter vocês por aqui, mesmo que eu só possa ter estado presente nos últimos dias. Obrigada pelo carinho, pelos sorrisos, pelas notas musicais. Obrigada pelos momentos no Parque, pelos cafunés. AI, obrigada por existirem e por fazer minha vida mais feliz.

AMO VOCÊS!!!

"Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.
Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice!
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto;
e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril."

(Oscar Wilde)

domingo, janeiro 09, 2011

Memória




Amar o perdido
deixa confundido
este coração.

Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.

As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão.

Mas a coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão.


[Carlos Drummond de Andrade]