domingo, outubro 23, 2005

Ser Pobre...


Um dia, um pai de família muito rica levou o filho a uma viagem ao interior, com o firme propósito de mostrar ao menino quão pobres as pessoas podem ser.
Pai e filho passaram um dia e uma noite na fazendo de uma família bem pobre.
Quando retornaram da viagem, o pai perguntou ao filho:
—O que achou da viagem?
—Muito boa, papai!
—Viu que pobres as pessoas podem ser?
— Vi, sim.
— E o que você aprendeu com essa viagem?
O filho respondeu:
— Vi que nós temos um cachorro em casa, e eles têm quatro. Nós temos uma piscina que alcança o meio do jardim, e eles têm um riacho sem fim. Nós temos uma varanda coberta e iluminada por luz elétrica, e eles têm as estrelas e a lua. Nosso quintal vai até o portão de entrada, e eles têm uma floresta inteira.
O pai estava de boca aberta. Quando terminou de responder, o garoto acrescentou:
— Obrigado, papai, por ter me mostrado como nós somos pobres!

terça-feira, outubro 18, 2005

Uma Informação, Por Favor...



Quando eu era criança, bem novinho, meu pai comprou o primeiro telefone da vizinhança. Ainda me lembro daquele aparelho preto e brilhante no aparador da sala. Eu era muito pequeno para alcançar o telefone, mas ouvia, fascinado minha mãe falar nele.

Um dia descobri que dentro daquele objeto maravilhoso morava uma pessoa legal. O nome dela era Uma Informação, Por Favor. Não havia nada que ela não soubesse. Uma Informação, Por Favor poderia fornecer qualquer número de telefone e até a hora certa.

Minha primeira experiência com esse verdadeiro gênio da garrafa se deu num dia em que minha mãe estava fora, na casa de um vizinho. Eu brincava na garagem, mexendo na caixa de ferramentas, quando dei com o martelo no dedo. A dor foi terrível, mas não adiantava eu chorar, porque não havia ninguém em casa para me oferecer simpatia.

Eu andava a esmo pela cansa, chupando o dedo dolorido, quando me lembrei: O telefone!

Rapidamente fui até o portão, peguei uma pequena escada e a coloquei em frente ao aparador da sala. Subi na escada, tirei o fone do gancho e segurei contra o ouvido. Uma voz feminina atendeu e eu disse:

— Uma Informação, Por Favor.

Ouvi uns dois ou três cliques e depois uma voz suave e nítida falou no meu ouvido.

— Informações.

— Machuquei meu dedo... — As lágrimas vieram facilmente, agora que eu tinha audiência.

— Sua mãe não está em casa? — ela perguntou.

— Não tem ninguém aqui... — Eu soluçava.

— Está sangrando?

— Não. Machuquei o dedo com o martelo, mas está doendo...

— Você consegue abrir o congelador? — ela perguntou.

Respondi que sim.

— Então pegue um cubo de gelo e passe no dedo — disse a voz.

Depois daquele dia, eu ligava para Uma Informação, Por Favor por qualquer motivo. Ela me ajudou nas minhas dúvidas de geografi e me ensinou onde ficava a Filadélfia. Ela me ajudou também nos exercícios de matemática e me ensinou que o pequeno esquilo que eu havia trazido do bosque deveria comer nozes e frutinhas.

Então, um dia, meu canário Petey morreu. Liguei para Uma Informação, Por Favor e contei o ocorrido. Ela me escutou e começou a falar aquelas coisas que se dizem para uma criança que está crescendo. Porém eu estava inconsolável. Eu perguntava:

— Por que os passarinhos, que cantam tão lindamente e trazem tanta alegria para gente, no fim têm que acabar como um monte de penas no fundo de uma gaiola?

Ela deve ter compreendido minha preocupação com a morte, porque acrescentou mansamente:

— Paulo, lembre-se sempre: também existem outros mundos onde a gente pode cantar...

De alguma maneira, depois disso eu me senti melhor. No outro dia, lá estava eu de novo.

— Informações — dizia a voz tão familiar.

— Você sabe como se escreve "exceção"?

Isso aconteceu na minha cidade natal, Seattle. Quando eu tinha nove anos, nos mudamos para Boston. Sentia muita falta da minha amiga. Uma Informação, Por Favor partencia apenas àquele velho aparelho telefônico preto; eu não tinha nenhuma atração pelo nosso novo aparelho telefônico, todo branquinho e instalado no novo aparador da nossa nova sala.

Mesmo à medida que eu crescia, as lembranças daquelas conversas infantis nunca me saíam da memória. Freqüentemente, em momentos de dúvida eu perplexidade, eu tentava recuperar o calmo sentimento de segurança ensiva e gentil ao perder tempo atendendo as ligações de um molequinho!

Anos depois, quando eu ia para a faculdade, meu avião fez uma escala em Seattle. Eu dispunha de mais ou menos meia hora. Primeiro, liguei para minha irmã, que ainda morava na nossa cidade natal, e falei com ela por quinze minutos. Então, sem nem mesmo me dar conta do que fazia, disquei o número da operadora da minha cidade e pedi:

— Uma Informação, Por Favor.

Como num milagre, ouvi aquela mesma voz doce e clara que eu conhecia tão bem:

— Informações.

Eu não tinha planejado, mas me vi perguntando:

— Você sabe como se escreve "exceção"...?

Houve uma longa pausa e então veio uma resposta suave:

— Pelo jeito, seu dedo já melhorou, Paulo.

Eu ri e disse:

— Então, é você mesma... Não faz idéia de como foi importante pra mim naquele tempo!

— Eu imagino — ela disse.

— Não faz idéia de quanto significavam para mim aquels ligações. por muito tempo esperei, todos os dias, você me ligar.

Contei a ela o quanto havia pensado nela todos aqueles anos e perguntei se poderia procurá-la um dia, quando fosse visitar minha irmã.

— Claro! — ela respondeu. — Venha até aqui e procure pela Sally.

Três meses depois, fui a Seattle ver minha irmão, Quando liguei para Sally, uma voz diferente atendeu:

— Informações.

Eu disse que queria falar com Sally.

— Você é amigo dela? — perguntou a voz.

— Sim, um velho amigo. Meu nome é Paulo.

— Sinto muito, mas a Sally ultimamente trabalhava aqui apenas meio período. Ela estava doente. Infelizmente, morreu há cinco semanas.

Antes que eu pudesse desligar, a voz perguntou:

— Espere um pouco. Você disse que o seu nome é Paulo?

— Sim.

— A Sally deixou uma mensagem para você. Ela a escreveu e pediu que eu a guardasse, caso você ligasse. Vou ler para você.

A mensagem dizia:

"Diga a ele que eu ainda acredito que também existam outros mundos onde a gente possa cantar. Ele vai entender"

Agradeci e desliguei. Eu tinha entendido.

(Trecho do livro "Nunca deixe de sonhar")

quinta-feira, outubro 13, 2005

Eu já...


"Eu já dei risada até a barriga doer, já nadei até perder o fôlego.
Já chorei até dormir e acordei com o rosto desfigurado.
Já fiz pedido pra estrela cadente, já me queimei brincando com vela.
Eu já fiz bola de chiclete, já conversei com o espelho.
Já me escondi atrás da cortina e esqueci os pés pra fora.
Já passei trote por telefone, já tomei banho de chuva e acabei me viciando.
Já me roubaram beijo, já fiz confissões antes de dormir num quarto escuro pra melhor amiga.
Já confundi sentimentos, peguei atalho errado e continuo andando pelo desconhecido.
Já raspei o fundo da panela de brigadeiro, já chorei ouvindo música.
Já tentei esquecer algumas pessoas, mas descobri que essas são as mais difíceis de se esquecer.
Já caí da escada de bunda.
Já conheci a morte de perto, e agora anseio por viver cada dia.
Já fiz juras eternas.
Já escrevi na carteira da escola, já chorei sentada no chão do banheiro.
Já fugi de casa pra sempre, e voltei no outro instante.
Já saí pra caminhar sem rumo, sem nada na cabeça, ouvindo estrelas.
Já corri pra não deixar alguém chorando, já fiquei sozinha no meio de mil pessoas sentindo falta de uma só.
Já vi pôr-do-sol cor-de- rosa e alaranjado, já me joguei na piscina sem vontade de voltar, já olhei a cidade de cima e mesmo assim não encontrei meu lugar.
Já senti medo do escuro, já tremi de nervoso, já quase morri de amor, mas renasci novamente pra ver o sorriso de alguém especial.
Já acordei no meio da noite e fiquei com medo de levantar e colocar os pés pra fora do lençol.
Já apostei em correr descalça na rua, já gritei de felicidade, já roubei rosas num enorme jardim.
Já me apaixonei e achei que era para sempre, mas sempre era um "para sempre" pela metade.
Já deitei na grama de madrugada e vi a Lua virar Sol.
Já chorei por ver amigos partindo, mas descobri que logo chegam novos, e a vida é mesmo um ir e vir sem razão."

terça-feira, outubro 11, 2005

Não sei....


Não sei se quero escrever
Não sei se quero existir
Não sei se quero amar
Não sei se quero confiar
Não sei se quero dormir
Não sei se quero sonhar
Não sei se quero acordar
Não sei se quero beber
Não sei se quero comer
Não sei se quero ir
Não sei se quero voltar
Não sei se quero gostar
Não sei se quero odiar
Não sei se quero contar
Não sei se quero omitir
Não sei se quero assistir
Não sei se quero participar
Não sei se quero juntar
Não sei se quero distribuir
Não sei se quero continuar
Não sei se quero acabar
Não sei...

segunda-feira, outubro 03, 2005

Preto e Branco...


As vezes encaro a vida como uma folha de papel em branco, e nela vou colocando as cores que mais me agradam. Um pouquinho de azul aqui, outro pouquinho de rosa ali, amarelo pra iluminar, verde pra deixar mais natural...
As vezes, me tiram todos os meus lápis de cor e sou obrigada a pintá-la de preto e branco. E as coisas ficam sem graça, sem vida... Mas não menos importantes.
Passo dias colorindo minhas folhas apenas com os pedaços de carvão que encontro pelo caminho. Com eles, meus traços são mais brutos, e as coisas ficam borradas. Meus dedos, sujos de carvão, deixam marcas em tudo o que toco, inclusive em mim mesma.
Assim passo vários dias, até que eu consiga uma nova caixinha de lápis de cor, então, deixo os pedaços de carvão de lado, e volto a colorir minha vida com traços finos e bem claros, cores vivas e berrantes.
Mas, como sempre perco meus lápis, aprendi a ver a beleza dos traços com carvão. Podem ser mais brutos, mas são tão sinceros e bonitos como os de lápis.
E na verdade, eu gosto! Os borrões de carvão são partes de mim, partes do meu mais íntimo. E gosto de vê-los ganhar vida nas minhas folhas...
(Nina, 3/10/2005)

Once Upon a December...

A melhor música dos desenhos animados...
Essa é do Anastasia.....





Dancing bears, painted wings
(Ursos dançando, asas pintadas)
Things I almost remenber
(Coisas que eu quase recordo)
And a song someone sings
(E uma música que alguém canta)
Once upon a december
(Em um certo dezembro)

Someone holds me safe and warm
(Alguém me mantém seguro e aquecido)
Horses prance through a silver storm
(Cavalos galopam através de uma tempestade de prata)
Figures dancing gracefully across my memory
(Figuras dançam graciosamente pela minha memória)

Far away, long ago
(Distante daqui, há muito tempo)
Glowing dim as an ember
(Incandescente como uma brasa)
Things my heart used to know
(Coisas que meu coração costumava saber)
Once upon a december
(Em um certo dezembro)

domingo, outubro 02, 2005

Terra, planeta água...


Água,
Cristalina,
Refrescante
Apenas água.
Água pura,
Pura como lágrimas,
Lágrimas de ninfas
Ninfas que nela moram
Água que congela
Que esquenta
Água que limpa os pecados
Limpa as energias
Água que seca
Água que encharca
Água que mata a sede
Mata os valentes que nela se arriscam
Água que corre solta como cavalos selvagens em campo aberto
Que caem em despenhadeiros.
Água que constrói
Água que destrói
Simplesmente água
Água.

Imagem...


Olhe bem,

A perfeita esposa jamais vou ser,
Ou perfeita filha...
Eu talvez tenha que me transformar,
Vejo que,
Sendo só eu mesma não vou poder ver,
A paz reinar no meu lar.
Quem é que está aqui junto a mim, em meu ser?
É a minha imagem?
Eu não sei dizer!
Como vou desvendar quem sou eu?
Vou tentar...
Quando a imagem de quem sou vai se revelar?

Eu já sei que meu coração quer se apaixonar
Mas não sei se deve
Desta vez, acho que vou me entregar
Espero que chegue um alguém que queria me amar
Mas eu sei que devo mudar
Tenho que descobrir quem sou eu,
Sem mentir
E uma outra imagem vai em mim refletir
Nunca mais eu vou enganar o meu coração
E nisso eu confio
Quero mais dizer para o mundo com emoção
Que agora sei quem sou
Vou dar meu coração sem temor, para alguém
E uma outra imagem vai em mim refletir...