quarta-feira, agosto 31, 2005

Like a princess...


Sentada na pequena janela da minha torre
Olho por entre as grades
Vejo o rio correr...
Ah! Como eu queria correr livre como ele.
Queria poder me banhar em suas águas cristalinas
Sentir a energia mais pura que brota dele.
Mas não posso, estou trancada!
Sou prisioneira do meu próprio mundo
Às vezes tento gritar
Mas tudo é em vão, ninguém parece me ouvir.
Por isso, aprendi a ver o mundo de um modo diferente.
Acho graça nas cores que o sol tem ao se por,
No barulho das gotas da chuva ao baterem no vidro,
No vento balançando meus cabelos,
Na lua iluminando meus sonhos,
Nas pequenas pessoas que passam lá longe,
No cantar dos passarinhos ao nascer do sol.
Queria ser livre como eles.
Voar por aí sem rumo algum
Mas não posso, estou trancafiada em minha própria torre,
Em meu próprio mundo.
Mas um dia, acharei a chave...

segunda-feira, agosto 29, 2005

Amor e Medo


Quando eu te vejo e me desvio cauto
Da luz de fogo que te cerca, ó bela,
contigo dizes, suspirando amores:
— "Meu Deus! Que gelo, que frieza aquela!"

Como te enganas! Meu amor, é chama
Que se alimenta no voraz segredo,
E se te fujo é que te adoro louco...
És bela — eu moço; tens amor, eu — medo...

Tenho medo de mim, de ti, de tudo,
Da luz, da sombra, do silêncio ou vozes.
Das folhas secas, do chorar das fontes,
Das horas longas a correr velozes.

O véu da noite me atormenta em dores
A luz da aurora me enternece os seios,
E ao vento fresco do cair cias tardes,
Eu me estremece de cruéis receios.

É que esse vento que na várzea — ao longe,
Do colmo o fumo caprichoso ondeia,
Soprando um dia tornaria incêndio
A chama viva que teu riso ateia!

Ai! se eu te visse, Madalena pura,
Sobre o veludo reclinada a meio,
Olhos cerrados na volúpia doce,
Os braços frouxos — palpitante o seio!...

Ai! se eu te visse em languidez sublime,
Na face as rosas virginais do pejo,
Trêmula a fala, a protestar baixinho...
Vermelha a boca, soluçando um beijo!...

Diz: — que seria da pureza de anjo,
Das vestes alvas, do candor das asas?
Tu te queimaras, a pisar descalça,
Criança louca — sobre um chão de brasas!

No fogo vivo eu me abrasara inteiro!
Ébrio e sedento na fugaz vertigem,
Vil, machucara com meu dedo impuro
As pobres flores da grinalda virgem!

Vampiro infame, eu sorveria em beijos
Toda a inocência que teu lábio encerra,
E tu serias no lascivo abraço,
Anjo enlodado nos pauis da terra.

Depois... desperta no febril delírio,
— Olhos pisados — como um vão lamento,
Tu perguntaras: que é da minha coroa?...
Eu te diria: desfolhou-a o vento!...

Oh! não me chames coração de gelo!
Bem vês: traí-me no fatal segredo.
Se de ti fujo é que te adoro e muito!
És bela — eu moço; tens amor, eu — medo!...

sexta-feira, agosto 26, 2005

Tristeza...


Tristeza é dor que dilacera sem no entanto marcar,
É cicatriz visível só a quem a traz consigo...
Tristeza é olhar o céu com olhos cinzentos, é enxergar o mundo sem cor...
Tristeza é pensar no pior, é ignorar chances de melhora...
Tristeza é não ver, embora enxergando, é desviar simplesmente, e ser indiferente a quem chora!
Tristeza é anoitecer com o dia, é sentir que ele foi apenas mais um!
Tristeza é sorrir raramente, é considerar todos os pequenos deslizes como grandes...
Tristeza é apontar os erros alheios, é esquecer que também erra!
Tristeza é falar rispidamente, é não saber ser suave...
Tristeza é não amar, é desejar esquecer...
Tristeza é viver, achando que a vida é um mal necessário!!!!

Tristeza é o sentimento em min predominante !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

quarta-feira, agosto 24, 2005

Viventia


Cheguei simples sim, muito simples,
Coberto apenas por muitos sentimentos.
Cheguei como um temporal,
E com minha simplicidade,
Causei grandes emoções,
Como medo, insegurança...
Mas também, muito amor, alegria e esperança.
Ah!
Eu não sabia
Mas, tudo aquilo iria durar muito tempo
E cada minuto desse tempo me interessava
O tempo então, foi passando muito depressa
E controlá-lo, não estava em minhas mãos.
Mas então, me olhei no espelho
As marcas refletidas ali contavam minha história
Uma história que passou, e eu nem percebi
E eu não me reconheci
Me resolvendo ou não, eu queria poder o tempo controlar
E cada minuto eu iria viver melhor
Quando cheguei eu não sabia o que estaria por vir
Mas agora que sei,
Eu deixo os medos e as armas pra trás

sexta-feira, agosto 19, 2005

Você sabe ou você sente?


Você já reparou o quanto as pessoas falam dos outros?
Falam de tudo. Da moral, do comportamento, dos sentimentos, das reações, dos medos, das imperfeições, dos erros, das criancices, ranzinzices, chatices, mesmices, grandezas, feitos, espantos. Sobretudo falam do comportamento.
E falam porque supõem saber. Mas não sabem.
Porque jamais foram capazes de sentir como o outro sente. Se sentissem não falariam. Só pode falar da dor de perder um filho, um pai que já perdeu, ou a mãe já ferida por tal amputação de vida. Dou esse exemplo extremo porque ele ilustra melhor.
As pessoas falam da reação das outras e do comportamento delas quase sempre sem jamais terem sentido o que elas sentiram.
Mas sentir o que o outro sente não significa sentir por ele. Isso é masoquismo.
Significa perceber o que ele sente e ser suficientemente forte para ajudá-lo exatamente pela capacidade de não se contaminar com o que o machucou.
Se nos deixarmos contaminar (fecundar?) pelo sentimento que o outro está sentindo, como teremos forças para ajudá-lo?
Só quem já foi capaz de sentir os muitos sentimentos do mundo é capaz de saber algo sobre as outras pessoas e aceitá-las, com tolerância.
Sentir os muitos sentimentos do mundo não é ser uma caixa de sofrimentos. Isso é ser infeliz.
Sentir os muitos sentimentos do mundo é abrir-se a qualquer forma de sentimento. É analisá-los interiormente, deixar todos os sentimentos de que somos dotados fluir sem barreiras, sem medos, os maus, os bons, os pérfidos, os sórdidos, os baixos, os elevados, os mais puros, os melhores, os santos.
Só quem deixou fluir sem barreiras, medos e defesas todos os próprios sentimentos, pode sabê-los, de senti-los no próximo. Espere florescer a árvore do próprio sentimento.
Vivendo, aceitando as podas da realidade e se possível fecundando.
A verdade é que só sabemos o que já sentimos.
Podemos intuir, perceber, atinar; podemos até, conhecer.Mas saber jamais.
SÓ SE SABE AQUILO QUE JÁ SENTIU.

sexta-feira, agosto 12, 2005

Lenda do Sol e da Lua















Lenda do Sol e da Lua (Guaraci e Jaci)
No começo havia a escuridão. Então nasceu o sol, Guaraci.
Um dia, ele ficou muito cansado e precisou dormir. Quando fechou os olhos tudo ficou escuro. Para ilkuminar a escuridão enquanto dormia, ele criou a lua, Jaci.
Ele criou uma lua tão bonita quem imediatamente se apaixonou por ela. Mas quando o sol abria os olhos para admirar a lua, tudo se iluminava e ela desaparecia.
Guaraci criou, então, o amor, Rudá, seu mensageiro.
O amor não conhecia luz ou escuridão. Dia ou noite, Rudá podia dizer à lua o quanto o sol era apaixonado por ela. Guaraci criou também muitas estrelas, seus irmãos, para que fizessem companhia a Jaci enquanto ele dormia.
Assim, nasceu o céu e todas as coisas que vivem lá.
( Adaptação de versão de Couto de Magalhães)

segunda-feira, agosto 08, 2005

O Princípio do Mundo...

Olá!
Hoje, quero começar a mostrar um pouco da minha infância, regada com muitos contos indígenas contado pela minha avó e pela minha mãe.... Essa primeira, lembro de estar deitada na rede com a minha avó, olhando o céu azul, e ela sentava ao meu lado, abria o livro e perguntava: Pronta pra viajar? E eu respondia: Claro vó! Então, mais que depressa eu fechava meus olhos e ficava bem atenta, ouvindo tudo o que minha avó contava, e era como se eu assistisse um filme novo toda vez que ela me contava histórias!


O Princípio do Mundo
Todas as coisas estavam envoltas numa escuridão impenetrável; uma neblina densa cobria a terra. Saíram das trevas dois índios: um, Caruçacahy, grande e corpulento; outro, Rairu seu filho. Descuidadamente Rairu tropeçou. Ficou furioso. Tinha pisado numa casca de tartaruga. O pai tomou-a: "Leve-a nas constas!" Ordenou ao moço.
O índio obedeceu e foi andando.
A casca de tartaruga foi, aos poucos, aumentando de tamanho até que ele não pode mais suportá-la.
Quando pensava que seria esmagado, a casca subiu: transformou-se no céu.
Logo nasceu o sol. Teve um filha, a lua, brilhante e muito branca a qual gerou as estrelas. Rairu aprendia depressa e observava tudo ao seu redor.
Em pouco tempo, sabia mais do que o pai. Por isso, Caru não gostava dele e vivia pensando em matá-lo.
Certa vez, encontranco um tucumanzeiro, atirou uma flecha acertando bem no alto da árvore. "Rairu, vai buscar a flecha!" O moço antendeu. O tucumanzeiro guardou seus espinhos para não machucá-lo. Caru tremia de raiva, mas não disse nada.
Daí uns dias cortou o tronco de outra árvore; empurrou-o, deixando-0 cair em cima do filho e foi-se embora.
Ao amanhecer do dia seguinte, o jovem estava bom. Nada lhe havia acontecido. O índio Caru não desistiu. Tentou mis uma porção de meios. Pôs fogo na mata, construiu armadilhas...Era inútil!
Um dia, fez um tatu com folhas e gravetos. Untou-o com resina e mandou que o rapaz o agarrasse. O tatu escavou o solo e desapareceu, puxando Rairu que ficara preso pela cola. Quando já estava bem no funo, o moço libertou-se e retornou à superfície. Vendo que o pai, irado, erguia o chicote, gritou: "Não! Encontrei gente na terra. São bons pra trabalhar."
Do buraco do tatu, surgiram homens. Rairu espremeu folhas e raízes; preparou tintas de várias cores: verde, amarelo, azul, vermelho... Pôs-se a pintar aquela gente.
Fez isso tão vagarosamente que alguns adormeceram. Caru separou-os: "Por terdes dormido, sereis animais: passarinhos, macacos, morcegos, borboletas..." Depois falou aos que permaneciam acordados: "Sereis homens! Vossos filhos serão guerreiro corajosos!" Assim que terminou de falar, sumiu pela terra. Nunca mais voltou.
Chamaram esse lugar de Caru-cupi
(Lendas Indígenas - Gráfica Ed. Aquarela, SP, 1962)

quarta-feira, agosto 03, 2005

Sonhos...


Olá!
Essa noite não foi muito fácil pra mim, não dormi direito, tive sonhos ruins.
Sonhei que eu estava em um lugar onde nunca havia estado, mas os rostos das pessoas eram todos conhecidos. As pessoas me maltratavam, gritavam comigo o tempo todo. Outras pediam socorro, me seguravam pelo braço e choravam, outras estavam no canto de machucando...
Aff! Acordava toda hora, levantava, bebia água, assistia um pouco de TV pra ver se eu conseguia dormir em paz, mas nada adiantava....
Mas sabe, o sonho parecia real...
Bom, isso se repetiu até as 6:40 da manhã, quando minha mãe me chamou pra ir pra faculdade. Mas eu estava tão cansada que não quis levantar pra ir, apenas levantei, bebi água e voltei pra cama com a She-Ra e dormi até as 8:50....
Ainda to com olheiras, corpo cansado e estomago enjoado, mas passa....
Tava procurando uma fotinho e achei esse poeminha:

Foram sonhos que eu fui vivendo.
Não os busquei
Eles vieram até mim se oferecendo.
Não pude evitar
E neles passei a navegar.
Foram sonhos insensatos
Mas enquanto eu os vivia
Essa insensatez eu não percebia.
Assim, fui atropelando meu coração
Colocando-o numa tal situação
Que hoje ele está despedaçado
E os sonhos se acabaram.
Bateram a porta e se afastaram.
E eu fico aqui a me perguntar
Onde eles foram parar.
Mas foram sonhos o que eu vivi
Disso eu não me esqueci.
Tinham uma imensa beleza
Eram de uma grandeza
E possuíam enorme delicadeza
Mas me deixaram pra trás.
Dentro de mim não quiseram viver mais.
(Silvana Duboc)
Um beijo no coração de todas as pessoas que eu AMO!