sábado, agosto 29, 2009

Os Ninguéns


As pulgas sonham com comprar um cão, e os ninguéns com deixar a pobreza, que em algum dia mágico a sorte chova de repente, que chova a boa sorte a cântaros; mas a boa sorte não chove ontem, nem hoje, nem amanhã, nem nunca, nem uma chuvinha cai do céu da boa sorte, por mais que os ninguéns a chamen e mesmo que a mão esquerda coce, ou se levantem com o pé direito, ou comecem o ano mudando de vassoura.

Os ninguéns: os filhos de ninguém, os donos de nada.
Os ninguéns: os nenhuns, correndo soltos, morrenda a vida, fodidoas e mal pagos.
Que não são, embora sejam.
Que não falam idiomas, falam dialetos.
Que não praticam religiões, praticam superstições.
Que não fazem arte, fazem artesanato.
Que não são seres humanos, são recursos humanos.
Que não têm cultura, têm folclore.
Que não têm cara, têm braços.
Que não têm nome, têm número.
Que não aparecem na história universal, aparecem nas páginas policiais da imprensa local.

Os ninguéns, que custam menos do que a bala que os mata.


[Eduardo Galeano]


terça-feira, agosto 25, 2009

Pensamento...


Comprovei que tudo que já foi escrito sobre o amor é verdade!

Shakespeare uma vez disse: "As buscas terminam com o encontro dos apaixonados".

Que idéia maravilhosa!! Pessoalmente, eu nunca passei por nada parecido com isso. Mas, estou convencida de que Shakespeare já.

Suponho que penso no amor mais do que deveria; me admira o grande poder do amor em alterar e definir as nossas vidas.

Shakespeare também disse que o amor é cego.

Isso sei que é verdade. Para alguns, sem explicação, o amor se apaga. Para outros o amor se vai, ou brota quando menos se espera, mesmo que seja só por uma noite.

No entanto, existe outro tipo de amor.

O mais cruel... Aquele que quase mata suas vitimas. Chama-se "amor não correspondido". E nesse tipo, sou experiente.

A maioria das histórias de amor falam das pessoas que se amam mutuamente. Mas, o que acontece com os demais? E as nossas histórias? Aqueles que se apaixonam sozinhos?

Somos vitimas de uma relação unilateral. Somos os amaldiçoados dos amantes, somos os não amados. Os mortos vivos, os deficientes sem estacionamento reservado...

sábado, agosto 22, 2009

Contos de Fadas...


Sabe quando somos crianças e acreditamos em conto de fadas?
Aquela fantasia de como sua vida seria, o vestidinho branco, o Príncipe Encantado que iria te carregar até o castelo.
Você se deitava na cama a noite, fechava os olhos e acreditava piamente em tudo. No Papai Noel, na Fada dos Dentes, no Príncipe Encantado. Eles estavam tão perto que dava pra sentir o gostinho deles. Mas, aí você cresce, e um dia abre os olhos, e o conto de fadas desaparece!
A maioria das pessoas acaba então se dedicando às coisas e às pessoas em que confiam. Mas, o lance é que é difícil se desprender totalmente de um conto de fadas porque, quase todo mundo tem um tiquinho de fé e esperança que um dia, vão abrir os olhos e tudo aquilo vai ser tornar realidade.

sábado, agosto 01, 2009

Dor


A dor chega de todas as formas possíveis.
Uma dorzinha aguda, um pouquinho de depressão, a dor aleatória com que convivemos todos os dias.
Então, tem o tipo de dor que você simplesmente não consegue ignorar, um nível tão alto de dor, que bloqueia todo o resto. Faz com que o mundo inteiro desapareça até que a gente só consiga pensar que o tanto que machucamos e a maneira com que lidamos com a dor é totalmente pessoal. Nós nos anestesiamos, sobrevivemos a ela ou a abraçamos, ou ignoramos. Para alguns de nós, a melhor maneira de lidar com ela é atravessando-a.

A dor, você só tem que sobreviver a ela.
Esperar que ela vá embora sozinha, esperar que a ferida que a causou, sare.
Não há soluções, respostas fáceis. Você só respira fundo e espera que ela vá diminuindo.
Na maior parte do tempo, a dor pode ser administrada, mas, às vezes ela te pega quando você menos espera, te acerta abaixo da cintura e não te deixa levantar.
Você tem que lutar através da dor, porque, a verdade, é que não se consegue escapar dela, e a vida sempre te causa mais...