As vezes encaro a vida como uma folha de papel em branco, e nela vou colocando as cores que mais me agradam. Um pouquinho de azul aqui, outro pouquinho de rosa ali, amarelo pra iluminar, verde pra deixar mais natural...
As vezes, me tiram todos os meus lápis de cor e sou obrigada a pintá-la de preto e branco. E as coisas ficam sem graça, sem vida... Mas não menos importantes.
Passo dias colorindo minhas folhas apenas com os pedaços de carvão que encontro pelo caminho. Com eles, meus traços são mais brutos, e as coisas ficam borradas. Meus dedos, sujos de carvão, deixam marcas em tudo o que toco, inclusive em mim mesma.
Assim passo vários dias, até que eu consiga uma nova caixinha de lápis de cor, então, deixo os pedaços de carvão de lado, e volto a colorir minha vida com traços finos e bem claros, cores vivas e berrantes.
Mas, como sempre perco meus lápis, aprendi a ver a beleza dos traços com carvão. Podem ser mais brutos, mas são tão sinceros e bonitos como os de lápis.
E na verdade, eu gosto! Os borrões de carvão são partes de mim, partes do meu mais íntimo. E gosto de vê-los ganhar vida nas minhas folhas...
(Nina, 3/10/2005)
Um comentário:
Acredito que a vida sempre será uma folha mágica, com alguns desenhos. Ainda há espaços com rabiscos simples, dos quais compõem o presente e a cada dia são melhorados, elaborados, aperfeiçoados. E ao longo de folha mágica de tamanho infinito há espaços em branco, dos quais nem imaginamos ainda o que iremos neles desenhar, é o futuro.
A vida é infinita, porém como artistas chega um dado momento que enjoamos da nossa obra e amassamos esta folha, ai a vida acaba.
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