quarta-feira, fevereiro 08, 2006

Floquinhos de carinho...



Havia uma penquena aldeia onde o dinheiro não entrava. Tudo o que as pessoas compravam, tudo o que era cultivado e produzido por todos era trocado. A coisa mais importante, a mais valiosa, era o amor. Quem nada produzia, quem não possuía coisas que pudessem ser trocadas por alimentos, ou utensílios, dava seu carinho. O carinho era simbolizado por um floquinho de algodão. Muitas vezes, era normal que as pessoas dessem floquinhos sem querer nada em troca. Elas davam seu carinho, pois sabiam que receberiam outros num outro momento outro dia.

Um dia, uma mulher muito má que vivia fora da aldeia convenceu um pequeno garoto a não mais dar seus floquinhos. Desta forma, ele seria a pessoa mais rica da cidade e teria o que quisesse. Iludido pelas palavras da malvada, o menino, que era uma das pessoas mais populares e queridas da aldeia, passou a juntar carinhos e em pouquíssimo tempo sua casa estava repleta de floquinhos, ficando até difícil de circular dentro dela. Então, quando a cidade já estava praticamente sem floquinhos, as pessoas começaram a guardar o pouco carinho que tinham e toda a harmonia da cidade desapareceu. Surgiram a ganância, a desconfiança, o primeiro roubo, o ódio, a discórdia, as pessoas se xingaram pela primeira vez e passaram a ignorar umas as outras pelas ruas.

Como era o mais querido da cidade, o garoto foi o primeiro a sentir-se triste e sozinho, o que o fez procurar a velha para perguntar-lhe e dizer-lhe se aquilo fazia parte da riqueza de ele acumularia. Não a encontrandomais, ele tomou uma decisão. Pegou uma grande carriola, colocou todos os seus floquinhos em cima e caminou por toda a cidade distribuindo aleatoriamente seu carinho. A todos que dava carinho, apenas dizia: Obrigado por receber meu carinho! Assim, sem medo de acabar com seus floquinhos, ele distribuiu até o último carinho sem receber um só de volta. Sem que tivesse tempo de se sentir sozinho e triste novamente, alguém caminho até ele e lhe deu carinho. Um outro fez o mesmo... Mais outro e outro... Até que definitivamente a aldeia voltou ao normal.

[Trecho extraído do livro "Nunca deixe de sonhar"]

Nenhum comentário: